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Cítia
Habilidade exclusiva

Povo das Estepes

Recebe uma segunda cavalaria leve ou Arqueiro Montado Saka cada vez que treinar uma cavalaria leve ou Arqueiro Montado Saka.

Contexto Histórico
Os citas eram uma confederação pouco (bem pouco) unida de pastores nômades que vagavam pelas estepes da Ásia Central, por aproximadamente mil anos. A maior parte do que se sabe sobre eles vem de alguns "historiadores" bem antigos – como o grego Heródoto, o greco-romano Estrabão e alguns textos hindus – e não é muita coisa. Em seu auge, os citas ocupavam toda a estepe pôntico-cáspia e além, do que hoje é a Ucrânia até as fronteiras da Manchúria. Eles ocupavam o caminho ao longo da Rota da Seda, enriqueceram com o comércio de escravos, desenvolveram um estilo artístico característico e deixaram as lendas das amazonas e de centauros para a civilização... mas nada muito mais que isso.

Estudiosos modernos observam que o termo "cita" foi usada por escritores antigos como referência a uma ampla gama de guerreiros com cavalos das estepes, que não tinham relação entre em si exceto por partilharem algumas semelhanças em seu modo de vida e na língua. Heródoto afirma que os citas surgiram nas estepes, onde eles brigavam "sem sucesso" com os massagetas, com quem tinham semelhanças. Por isso, as tribos citas migraram para o oeste, cruzaram o rio Arax e em 30 anos deslocaram os cimérios (que então migraram para a Assíria e tocaram o terror lá). Sendo mestres da montaria e habilidosos com o arco, as tribos citas se espalharam pela religião e utilizavam seu precioso tempo invadindo povoados macedônios e persas.

Depois de algumas décadas disso, o rei persa Ciro, o Grande, enviou uma proposta de casamento para a governante da horda massagetas-cita, uma tal Tômiris, em 530 a.C. Quando ela recusou a proposta, Ciro reuniu um grupo armado no rio Sir Dária e começou a construir navios. Tômiris ordenou que ele parasse e ofereceu encontrá-lo "em uma batalha honrosa" em um local a um dia de distância do rio, em terreno aberto (perfeito para combate em montaria). Ciro aceitou e marchou do seu acampamento com suas melhoras tropas. Mas, depois de saber que o inimigo desconhecia os efeitos intoxicantes do vinho, deixou um pequeno grupo protegendo uma vasta quantidade de álcool. A tropa principal dos citas, liderado pelo filho de Tômiris, Spargapises, chegou ao acampamento, ficou altamente bêbada e foi derrotada por Ciro, que estava à espreita; Spargapises cometeu suicídio. Tômiris, ao saber do desastre, declarou que a tática não era "honrosa" e liderou uma segunda horda de guerreiros em cavalos contra os persas. No combate que se seguiu, Ciro foi morto e seu exército expulso. Tômiris ordenou que o corpo do rei persa fosse trazido a ela e o decapitou. Depois o mergulhou em uma bacia de sangue como vingança simbólica. É o que diz o registro de Heródoto, então os detalhes verdadeiros podem ter sido um pouco menos interessantes.

Em 513 a.C., os extremamente irritados persas, com Dario, o Grande, pessoalmente no comando, invadiram novamente as terras dos citas, desta vez supostamente com 700 mil homens. Aproveitando-se dos espaços amplos e da mobilidade, já que não havia campos ou cidades a serem defendidas, os citas sabiamente evitaram um confronto direto. Os arqueiros montados simplesmente iam descascando a lenta fileira, acabando com quem ficava para trás e com carroças de suprimentos. Heródoto conta que em dado momento, uma grande tropa dos citas tinha finalmente chegado para lutar, mas de repente, um grito sonoro ecoou e vários deles saíram galopando atrás de algumas lebres que tinham aparecido. Dario teria comentado que "esses sujeitos têm por nós um considerável desprezo". As forças de Dario, um tanto reduzidas, finalmente chegaram a Volga. Com pouca comida e suprimentos, Dario deu meia volta e voltou para o seu império sem ter resolvido nada. Os citas continuaram a se divertir com os saques nas fronteiras.

A partir da evidência arqueológica encontrada nos grandes túmulos, conhecidos como kurgans (praticamente as únicas estruturas permanentes que os citas construíam), parece que o chefe da tribo Ariapeithes (um apelido grego, quem sabe qual era seu nome verdadeiro) conseguiu unir várias tribos citas e se autoproclamar "rei" por volta de 470 a.C. Seus sucessores governariam a confederação até aproximadamente 340 a.C., quando a dinastia foi derrubada pelo grande Ateas (outro nome grego). Segundo Estrabão, após unir todas as tribos citas entre o Danúbio e o pântano meótido, Ateas logo teve de enfrentar Filipe II da Macedônia. Na guerra que se seguiu, Ateas foi morto em combate por volta de 339 a.C., aos 90 anos, e seu "império" se despedaçou. Uma década depois, porém, Alexandre, filho de Filipe, estava novamente enfrentando os citas, vencendo uma batalha "decisiva" no rio Sir Dária para acabar com as depredações deles pelas fronteiras e para que os gregos pudessem marchar para o sul, rumo à glória. Depois disso, invasores celtas expulsaram os citas da Península Balcânica. Parece que os guerreiros montados não se davam tão bem nas montanhas quanto nas estepes.

Enquanto isso, uma coalização de tribos citas (agora conhecidas como indo-citas), sob o chefe Maues, migrou para o sudeste nas regiões da Báctria, Sogdiana e Aracósia. Lá, eles tinham quase que totalmente suplantado os indo-gregos nas regiões de Punjab e de Caxemira até a época de Azes II, por volta de 35 a.C. Mas, até onde se pode determinar, ele foi o último rei indo-cita, pois logo após sua morte os indo-citas foram subjugados pelos cuchanos e, depois disso, os partas invadiram do oeste e os citas de desaparecem dos registros históricos indianos.

No oeste, além das estepes da Crimeia e da Ucrânia, as tribos citas restantes sobreviveram relativamente sem mudanças por mais três séculos, cavalgando e saqueando. E até povoando alguns lugares: a cidade conhecida como Neápolis Cita (próxima à atual Simferopol) servia como centro comercial das tribos citas da Crimeia. Mas a expansão do Império Romano no fim acabaria com os tranquilos citas. Os godos expulsaram os sármatas da maior parte da fronteira romana e, por sua vez, os sármatas avançaram sobre os citas, embora tenha sido um processo mais de assimilação do que de conquista. Em meados do século III d.C., porém, os godos saquearem Neápolis Cita, oficialmente acabando com a civilização cita. (No entanto, os romanos e os gregos tinham o angustiante hábito de chamar qualquer tribo nômade das estepes de citas, como aconteceu quando Prisco, um emissário bizantino, continuamente chamou os seguidores de Átila de "citas").

Assim, os citas desapareceram da história, deixando para trás apenas montes de terra espalhados por toda área das estepes para marcar sua passagem. Dos montículos para os guerreiros comuns até kurgans "reais" que abrigavam os restos mortais de chefes tribais e grandes guerreiros, esses túmulos não eram apenas montes de terra e refugo colocados sobre os corpos, mas camadas de solo com gramados colocados sobre uma câmara central – o gramado para servir de pastagem na outra vida para todos os cavalos enterrados com o falecido. Em um caso, arqueólogos encontraram mais de 400 esqueletos de cavalos dispostos em um padrão geométrico ao redor do chefe tribal falecido. Não apenas cavalos eram abatidos no caso de morte de um cita notável, mas cônjuges e servos também tinha a dúbia honra de acompanhar o morto para a outra vida. Os maiores desses kurgans tem a altura de um prédio de seis andares e mais de 90 metros de largura. Uma façanha de engenharia e tanto para um bando de bárbaros iletrados.

Heródoto conta que o enterro era um espetáculo digno de ser visto. Os enlutados furavam sua mão esquerda com uma flecha (eles certamente não eram tolos a ponto de mutilar a mão para atirar as flechas), cortavam os braços e o peito e às vezes até pedaços das orelhas. No aniversário de um ano do enterro de alguns chefes, 50 cavalos de 50 escravos seriam mortos e estripados, depois cravados em postes na vertical ao redor do kurgan, com os escravos mortos montados nos cavalos mortos. Essas exibições espalhafatosas podem ter sido a base para – ou pelo menos contribuído com – as lendas gregas da amazonas. Muitos desses montes de terra, até uns 20% ao longo dos rios Don e Volga, contêm mulheres com vestes de batalha e armadas com arcos e espadas "como se fossem homens". Embora elas não fossem as verdadeiras amazonas, especula-se que cultura cita tinha espaço para mulheres guerreiras, como evidenciado pelas histórias de Tômiris.

Se foi assim, eles tiveram uma bravura e tanto, pois o comportamento dos guerreiros citas aterrorizavam os vizinhos mais "civilizados". Barbudos e tatuados, os arqueiros montados dos citas normalmente estavam armados com um pequeno arco composto, disparando flechas farpadas para abrir uma ferida de modo que ela não mais fechasse. Eles umedeciam as pontas das flechas com uma mistura de veneno de cobra e esterco de cavalo para que os feridos morressem logo. Segundo registros, os citas bebiam o sangue dos inimigos derrotados após a batalha e então os decapitavam para reivindicar sua parte das recompensas, pois só quem apresentasse esse "vale" recebia sua parte. Embora a primeira prática (beber sangue) não fosse incomum entre os não civilizados, a segunda era certamente uma maneira única de provar seus feitos em combate. Os escalpos de inimigos mortos adornavam os freios dos cavalos, escudos e as aljavas. Os crânios de inimigos especialmente valentes (os citas valorizavam a bravura) eram douradas e usadas como taças honrosas.

Os citas provocavam tanto terror entre os gregos que eles levam crédito pela inspiração do mito dos centauros, as feras de quatro pernas que eram arqueiros letais. Os guerreiros montados dos citas eram tão notórios que estudiosos acreditam que o profeta bíblico, Jeremias, estava se referindo a eles quando alertou os israelitas que guerreiros viriam e que eles "são cruéis e não têm misericórdia; o som que a marcha da multidão deles provoca é como o bramido do mar. Eis que já estão a caminho e vêm montando os seus cavalos em formação de guerra". Falando nisso, os citas tinham um conjunto de deuses, mas eles não pareciam ser muito apegados à fé. Os pronunciamentos dos deuses deles estavam mais para regras flexíveis do que leis escritas em pedra.

Claro, não havia só escalpos e crânios depois de uma batalha; havia também os espólios. Os citas adquiriam ouro e prata com suas frequentes invasões aos persas e aos macedônios e também em troca de escravos. Artistas citas tinham um bom olho para desenhar, especialmente animais – lobos, cervos, grifos, leopardos, águias, e, claro, cavalos – travando um combate mortal. Animais de todos os tipos apareciam na maioria de suas obras de arte, cerâmica, vestimentas de bronze, estatuetas e coisas do tipo, muitas vezes em repouso (quando não estão em combates letais). Ambas as representações aparecem em uma infinidade de broches, cintos, elmos, brincos, colares e outras bugigangas encontradas nos túmulos dos citas.

Há muitas teorias (o principal produto dos acadêmicos) que tratam das razões para o declínio e o desaparecimento dos citas. Alguns pesquisadores sugerem que eles começaram a se assentar, casar com pessoas de áreas próximas e abandonar os hábitos pastoris e as invasões. Alguns kurgans que datam do fim do século III contêm fogões, símbolos do lar e do aconchego e algo que faria um verdadeiro cita se revirar no túmulo. Outras teorias propõem uma seca prolongada ou uma doença equina que os obrigou a se aquietar. Outros postulam que o gosto dos citas pelo álcool (lembra-se de Spargapises?) contribuiu para o fim deles, bem como o fim das pastagens que foram sendo usadas para o cultivo de grãos.

Seja qual for a verdade, os citas realmente mantiveram as coisas animadas nas estepes, definindo um padrão para a barbárie pura e para tendências sangrentas que aqueles que vieram depois, como os sármatas, hunos, mongóis, timúridas e cossacos tinham que esforçar muito para imitar.
PortraitSquare
icon_civilization_scythia

Traços

Líderes
icon_leader_tomyris
Tômiris
Unidades especiais
icon_unit_scythian_horse_archer
Arqueiro Montado Saka
Infraestrutura especial
icon_improvement_kurgan
Kurgan

Dados sociais e geográficos

Localização
Ásia
Tamanho
Estima-se 994 mil quilômetros quadrados (384 mil milhas quadradas)
População
Desconhecida, a melhor estimativa é 40-50 mil no ápice
Capital
Nenhuma (a única cidade mencionada nas histórias é "Neápolis Cita", destruída pelos góticos no século 3 d.C.)
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Traços

Líderes
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Tômiris
Unidades especiais
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Arqueiro Montado Saka
Infraestrutura especial
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Kurgan

Dados sociais e geográficos

Localização
Ásia
Tamanho
Estima-se 994 mil quilômetros quadrados (384 mil milhas quadradas)
População
Desconhecida, a melhor estimativa é 40-50 mil no ápice
Capital
Nenhuma (a única cidade mencionada nas histórias é "Neápolis Cita", destruída pelos góticos no século 3 d.C.)
Habilidade exclusiva

Povo das Estepes

Recebe uma segunda cavalaria leve ou Arqueiro Montado Saka cada vez que treinar uma cavalaria leve ou Arqueiro Montado Saka.

Contexto Histórico
Os citas eram uma confederação pouco (bem pouco) unida de pastores nômades que vagavam pelas estepes da Ásia Central, por aproximadamente mil anos. A maior parte do que se sabe sobre eles vem de alguns "historiadores" bem antigos – como o grego Heródoto, o greco-romano Estrabão e alguns textos hindus – e não é muita coisa. Em seu auge, os citas ocupavam toda a estepe pôntico-cáspia e além, do que hoje é a Ucrânia até as fronteiras da Manchúria. Eles ocupavam o caminho ao longo da Rota da Seda, enriqueceram com o comércio de escravos, desenvolveram um estilo artístico característico e deixaram as lendas das amazonas e de centauros para a civilização... mas nada muito mais que isso.

Estudiosos modernos observam que o termo "cita" foi usada por escritores antigos como referência a uma ampla gama de guerreiros com cavalos das estepes, que não tinham relação entre em si exceto por partilharem algumas semelhanças em seu modo de vida e na língua. Heródoto afirma que os citas surgiram nas estepes, onde eles brigavam "sem sucesso" com os massagetas, com quem tinham semelhanças. Por isso, as tribos citas migraram para o oeste, cruzaram o rio Arax e em 30 anos deslocaram os cimérios (que então migraram para a Assíria e tocaram o terror lá). Sendo mestres da montaria e habilidosos com o arco, as tribos citas se espalharam pela religião e utilizavam seu precioso tempo invadindo povoados macedônios e persas.

Depois de algumas décadas disso, o rei persa Ciro, o Grande, enviou uma proposta de casamento para a governante da horda massagetas-cita, uma tal Tômiris, em 530 a.C. Quando ela recusou a proposta, Ciro reuniu um grupo armado no rio Sir Dária e começou a construir navios. Tômiris ordenou que ele parasse e ofereceu encontrá-lo "em uma batalha honrosa" em um local a um dia de distância do rio, em terreno aberto (perfeito para combate em montaria). Ciro aceitou e marchou do seu acampamento com suas melhoras tropas. Mas, depois de saber que o inimigo desconhecia os efeitos intoxicantes do vinho, deixou um pequeno grupo protegendo uma vasta quantidade de álcool. A tropa principal dos citas, liderado pelo filho de Tômiris, Spargapises, chegou ao acampamento, ficou altamente bêbada e foi derrotada por Ciro, que estava à espreita; Spargapises cometeu suicídio. Tômiris, ao saber do desastre, declarou que a tática não era "honrosa" e liderou uma segunda horda de guerreiros em cavalos contra os persas. No combate que se seguiu, Ciro foi morto e seu exército expulso. Tômiris ordenou que o corpo do rei persa fosse trazido a ela e o decapitou. Depois o mergulhou em uma bacia de sangue como vingança simbólica. É o que diz o registro de Heródoto, então os detalhes verdadeiros podem ter sido um pouco menos interessantes.

Em 513 a.C., os extremamente irritados persas, com Dario, o Grande, pessoalmente no comando, invadiram novamente as terras dos citas, desta vez supostamente com 700 mil homens. Aproveitando-se dos espaços amplos e da mobilidade, já que não havia campos ou cidades a serem defendidas, os citas sabiamente evitaram um confronto direto. Os arqueiros montados simplesmente iam descascando a lenta fileira, acabando com quem ficava para trás e com carroças de suprimentos. Heródoto conta que em dado momento, uma grande tropa dos citas tinha finalmente chegado para lutar, mas de repente, um grito sonoro ecoou e vários deles saíram galopando atrás de algumas lebres que tinham aparecido. Dario teria comentado que "esses sujeitos têm por nós um considerável desprezo". As forças de Dario, um tanto reduzidas, finalmente chegaram a Volga. Com pouca comida e suprimentos, Dario deu meia volta e voltou para o seu império sem ter resolvido nada. Os citas continuaram a se divertir com os saques nas fronteiras.

A partir da evidência arqueológica encontrada nos grandes túmulos, conhecidos como kurgans (praticamente as únicas estruturas permanentes que os citas construíam), parece que o chefe da tribo Ariapeithes (um apelido grego, quem sabe qual era seu nome verdadeiro) conseguiu unir várias tribos citas e se autoproclamar "rei" por volta de 470 a.C. Seus sucessores governariam a confederação até aproximadamente 340 a.C., quando a dinastia foi derrubada pelo grande Ateas (outro nome grego). Segundo Estrabão, após unir todas as tribos citas entre o Danúbio e o pântano meótido, Ateas logo teve de enfrentar Filipe II da Macedônia. Na guerra que se seguiu, Ateas foi morto em combate por volta de 339 a.C., aos 90 anos, e seu "império" se despedaçou. Uma década depois, porém, Alexandre, filho de Filipe, estava novamente enfrentando os citas, vencendo uma batalha "decisiva" no rio Sir Dária para acabar com as depredações deles pelas fronteiras e para que os gregos pudessem marchar para o sul, rumo à glória. Depois disso, invasores celtas expulsaram os citas da Península Balcânica. Parece que os guerreiros montados não se davam tão bem nas montanhas quanto nas estepes.

Enquanto isso, uma coalização de tribos citas (agora conhecidas como indo-citas), sob o chefe Maues, migrou para o sudeste nas regiões da Báctria, Sogdiana e Aracósia. Lá, eles tinham quase que totalmente suplantado os indo-gregos nas regiões de Punjab e de Caxemira até a época de Azes II, por volta de 35 a.C. Mas, até onde se pode determinar, ele foi o último rei indo-cita, pois logo após sua morte os indo-citas foram subjugados pelos cuchanos e, depois disso, os partas invadiram do oeste e os citas de desaparecem dos registros históricos indianos.

No oeste, além das estepes da Crimeia e da Ucrânia, as tribos citas restantes sobreviveram relativamente sem mudanças por mais três séculos, cavalgando e saqueando. E até povoando alguns lugares: a cidade conhecida como Neápolis Cita (próxima à atual Simferopol) servia como centro comercial das tribos citas da Crimeia. Mas a expansão do Império Romano no fim acabaria com os tranquilos citas. Os godos expulsaram os sármatas da maior parte da fronteira romana e, por sua vez, os sármatas avançaram sobre os citas, embora tenha sido um processo mais de assimilação do que de conquista. Em meados do século III d.C., porém, os godos saquearem Neápolis Cita, oficialmente acabando com a civilização cita. (No entanto, os romanos e os gregos tinham o angustiante hábito de chamar qualquer tribo nômade das estepes de citas, como aconteceu quando Prisco, um emissário bizantino, continuamente chamou os seguidores de Átila de "citas").

Assim, os citas desapareceram da história, deixando para trás apenas montes de terra espalhados por toda área das estepes para marcar sua passagem. Dos montículos para os guerreiros comuns até kurgans "reais" que abrigavam os restos mortais de chefes tribais e grandes guerreiros, esses túmulos não eram apenas montes de terra e refugo colocados sobre os corpos, mas camadas de solo com gramados colocados sobre uma câmara central – o gramado para servir de pastagem na outra vida para todos os cavalos enterrados com o falecido. Em um caso, arqueólogos encontraram mais de 400 esqueletos de cavalos dispostos em um padrão geométrico ao redor do chefe tribal falecido. Não apenas cavalos eram abatidos no caso de morte de um cita notável, mas cônjuges e servos também tinha a dúbia honra de acompanhar o morto para a outra vida. Os maiores desses kurgans tem a altura de um prédio de seis andares e mais de 90 metros de largura. Uma façanha de engenharia e tanto para um bando de bárbaros iletrados.

Heródoto conta que o enterro era um espetáculo digno de ser visto. Os enlutados furavam sua mão esquerda com uma flecha (eles certamente não eram tolos a ponto de mutilar a mão para atirar as flechas), cortavam os braços e o peito e às vezes até pedaços das orelhas. No aniversário de um ano do enterro de alguns chefes, 50 cavalos de 50 escravos seriam mortos e estripados, depois cravados em postes na vertical ao redor do kurgan, com os escravos mortos montados nos cavalos mortos. Essas exibições espalhafatosas podem ter sido a base para – ou pelo menos contribuído com – as lendas gregas da amazonas. Muitos desses montes de terra, até uns 20% ao longo dos rios Don e Volga, contêm mulheres com vestes de batalha e armadas com arcos e espadas "como se fossem homens". Embora elas não fossem as verdadeiras amazonas, especula-se que cultura cita tinha espaço para mulheres guerreiras, como evidenciado pelas histórias de Tômiris.

Se foi assim, eles tiveram uma bravura e tanto, pois o comportamento dos guerreiros citas aterrorizavam os vizinhos mais "civilizados". Barbudos e tatuados, os arqueiros montados dos citas normalmente estavam armados com um pequeno arco composto, disparando flechas farpadas para abrir uma ferida de modo que ela não mais fechasse. Eles umedeciam as pontas das flechas com uma mistura de veneno de cobra e esterco de cavalo para que os feridos morressem logo. Segundo registros, os citas bebiam o sangue dos inimigos derrotados após a batalha e então os decapitavam para reivindicar sua parte das recompensas, pois só quem apresentasse esse "vale" recebia sua parte. Embora a primeira prática (beber sangue) não fosse incomum entre os não civilizados, a segunda era certamente uma maneira única de provar seus feitos em combate. Os escalpos de inimigos mortos adornavam os freios dos cavalos, escudos e as aljavas. Os crânios de inimigos especialmente valentes (os citas valorizavam a bravura) eram douradas e usadas como taças honrosas.

Os citas provocavam tanto terror entre os gregos que eles levam crédito pela inspiração do mito dos centauros, as feras de quatro pernas que eram arqueiros letais. Os guerreiros montados dos citas eram tão notórios que estudiosos acreditam que o profeta bíblico, Jeremias, estava se referindo a eles quando alertou os israelitas que guerreiros viriam e que eles "são cruéis e não têm misericórdia; o som que a marcha da multidão deles provoca é como o bramido do mar. Eis que já estão a caminho e vêm montando os seus cavalos em formação de guerra". Falando nisso, os citas tinham um conjunto de deuses, mas eles não pareciam ser muito apegados à fé. Os pronunciamentos dos deuses deles estavam mais para regras flexíveis do que leis escritas em pedra.

Claro, não havia só escalpos e crânios depois de uma batalha; havia também os espólios. Os citas adquiriam ouro e prata com suas frequentes invasões aos persas e aos macedônios e também em troca de escravos. Artistas citas tinham um bom olho para desenhar, especialmente animais – lobos, cervos, grifos, leopardos, águias, e, claro, cavalos – travando um combate mortal. Animais de todos os tipos apareciam na maioria de suas obras de arte, cerâmica, vestimentas de bronze, estatuetas e coisas do tipo, muitas vezes em repouso (quando não estão em combates letais). Ambas as representações aparecem em uma infinidade de broches, cintos, elmos, brincos, colares e outras bugigangas encontradas nos túmulos dos citas.

Há muitas teorias (o principal produto dos acadêmicos) que tratam das razões para o declínio e o desaparecimento dos citas. Alguns pesquisadores sugerem que eles começaram a se assentar, casar com pessoas de áreas próximas e abandonar os hábitos pastoris e as invasões. Alguns kurgans que datam do fim do século III contêm fogões, símbolos do lar e do aconchego e algo que faria um verdadeiro cita se revirar no túmulo. Outras teorias propõem uma seca prolongada ou uma doença equina que os obrigou a se aquietar. Outros postulam que o gosto dos citas pelo álcool (lembra-se de Spargapises?) contribuiu para o fim deles, bem como o fim das pastagens que foram sendo usadas para o cultivo de grãos.

Seja qual for a verdade, os citas realmente mantiveram as coisas animadas nas estepes, definindo um padrão para a barbárie pura e para tendências sangrentas que aqueles que vieram depois, como os sármatas, hunos, mongóis, timúridas e cossacos tinham que esforçar muito para imitar.
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